- Área: 450 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Martin Argyroglo
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Fabricantes: Hunter Douglas, Hunter Douglas Architectural (Europe), Sammod, VMZINC
História
O antigo Hospital de Meursault, comumente chamado de "la Léproserie" (leprosário) foi fundado por Hughes II, Duque de Burgundy, no começo do século XII na Côte d'Or de Burgundy. Seu primeiro uso foi uma casa médica que recebia e cuidava dos doentes e pobres. O complexo foi dividido em três partes: o Portão de Entrada, o Lar dos Pobres e a Capela.
Em 1760, o Hospital se tornou associado do Hospício de Beaune por ordem real do Rei Luís XV. Então, no século XIX, os edifícios foram transformados em uma fazenda de hortifrúti e foram então incluídos como monumento histórico em 1926. O estado que estes edifícios estavam, abandonados e quase em ruínas, deixaram apenas uma parte do layout original. Nossa intervenção acompanhou um histórico de acréscimos e subsequentes destruições. Para tal, importante trabalho de restauro permitiu a manutenção e preservação deste patrimônio histórico.
Abordagem Paisagística
"Uma ilha de pedras em meio aos vinhedos"
O elemento chave reside no forte caráter insular do local, ainda visível hoje em dia, aliados a sua proteção e isolamento da cidade simultaneamente.
O terreno do antigo Hospital é marcado por seu entorno mineral, situado na borda do vilarejo, entre edifícios e vinhedos, na junção das montanhas e da planície.
Depois de uma análise e estudos arqueológicos, a interpretação deste fechamento foi finalmente completada, marcada por uma cerca viva ainda forte neste delineamento e continuada pelos reparos nos muros de pedra ainda no local, sobre a qual o novo edifício está posicionado.
Um pomar foi instalado na área aberta, oferecendo a possibilidade de escavações arqueológicas futuras. À oeste, um pátio em pedras recebe os visitantes e marca a entrada deste vilarejo produtor de vinhos de Meursault. Este se torna portanto um tapete de pedras onde os antigos edifícios estão localizados.
Organização Programática
O edifício do Portão de Entrada abriga o escritório de informações turísticas, enquanto que o Lar dos Pobres e a Capela (que possui sua própria abertura para o pátio) agrupam os espaços de exposições temporárias.
A sala de degustação, junto ao Portão de Entrada, está localizada em uma ala contígua reconstruída, ladeada por muros de pedras existentes. Demarca um espaço externo, juntamente com a Capela, uma metáfora distante de um claustro, permitindo que os diferentes ambientes desfrutem de um ambiente mais íntimo e protegido das áreas estendidas, dispostas em torno de um jardim.
Intervenção na Arquitetura Histórica
Procuramos evitar restaurações aleatórias de volumes que supostamente eram originais. Os elementos significantes ainda presentes foram utilizados de maneira sistemática e reorganizados em sua lógica de partida (estruturas, aberturas, níveis...). As aberturas ainda existentes foram reabertas para tirar máxima vantagem da luz natural. Em seu lugar, foram criados vitrais contemporâneos.
Intervenções contemporâneas
Com o objetivo de ser sóbrias e minimalistas, as intervenções contemporâneas fazem uso de materiais de vida longa como a pedra (presente em pisos externos, paredes e até coberturas), madeira (em decks, pisos e revestimentos internos) e até mais contemporâneos, como grandes esquadrias de vidro, argamassa polida e revestimentos em zinco.
A envoltória monolítica contemporânea foi finalizada com zinco Azengar®, um material novo com excelente qualidade e aspereza, que permite a criação de uma harmonia com a pedra local dos antigos edifícios. Começando no edifício do Portão de Entrada, as aberturas se tornam mais densas e mais abertas, partindo de uma luz difusa à luz total, e multiplicam as vistas dos jardins e da arquitetura histórica.
O projeto foi vencedor do Palmarès de l'Architecture Contemporaine (Premiação de Arquitetura Contemporânea) em Burgundy 2015, na categoria Edifícios Públicos.